sábado, 29 de abril de 2017

Por que as genealogias de Jesus em Mateus e Lucas são tão diferentes?


Pergunta: "Por que as genealogias de Jesus em Mateus e Lucas são tão diferentes?"

Resposta: 
Podemos encontrar a genealogia de Jesus em dois lugares nas Escrituras: Mateus capítulo 1 e Lucas capítulo 3, versículos 23-38. Mateus segue a genealogia de Jesus a Abraão. Lucas segue a genealogia de Jesus a Adão. No entanto, há motivo para acreditar que Mateus e Lucas estejam seguindo genealogias completamente diferentes. Por exemplo, Mateus diz que o pai de José era Jacó (Mateus 1:16), enquanto Lucas diz que o pai de José era Heli (Lucas 3:23). Mateus segue a linha de genealogia através de Salomão, filho de Davi (Mateus 1:6), enquanto que Lucas segue a linha através de Natã, filho de Davi (Lucas 3:31). Na verdade, entre Davi e Jesus, os únicos nomes que as genealogias têm em comum são Salatiel e Zorobabel (Mateus 1:12; Lucas 3:27). Como se explica essas diferenças?

Alguns acreditam que essas diferenças sejam evidência de que a Bíblia contém erros. No entanto, os judeus eram muito cuidadosos com seus registros, principalmente com as genealogias. É inaceitável que Mateus e Lucas pudessem construir duas genealogias completamente contraditórias da mesma linhagem. Novamente, de Davi a Jesus, as genealogias são completamente diferentes. Até mesmo a referência a Salatiel e Zorobabel provavelmente esteja falando de pessoas diferentes com o mesmo nome. Mateus diz que o pai de Salatiel era Jeconias, enquanto que Lucas diz que o pai de Salatiel era Neri. Era normal que um homem chamado Salatiel chamasse seu filho de Zorobabel por causa das pessoas famosas que tinham aqueles mesmos nomes (veja os livros de Esdras e Neemias).

Uma outra explicação é que Mateus esteja seguindo a linhagem primária enquanto Lucas esteja levando em consideração as ocorrências da “lei do levirato”. Se um homem morresse sem nenhum filho, era tradição que o irmão desse homem casasse com sua esposa e tivesse um filho que desse continuação ao nome de seu irmão. Isso é possível, mas improvável, já que todas as gerações de Davi a Jesus teriam que ter tido um “casamento levirato” para explicar as diferenças no registro em todas as gerações. Isso é bastante improvável.

Levando em consideração todos esses conceitos, a maioria dos estudiosos bíblicos acredita que Lucas esteja registrando a genealogia de Maria, e Mateus a de José. Mateus está seguindo a linhagem de José (pai legal de Jesus), através de Salomão, filho de Davi; enquanto que Lucas está seguindo a linhagem de Maria (parente sanguíneo de Jesus), através de Natã, filho de Davi. Não existia uma palavra grega para "genro", e José teria sido considerado um filho de Heli por ter se casado com Maria, filha de Heli. Por ambas as linhagens, Jesus é um descendente de Davi e, portanto, qualificado para ser o Messias. Registrar a genealogia através do lado materno era incomum, assim como o nascimento virgem. A explicação de Lucas é que Jesus era filho de José, “como se cuidava” (Lucas 3:23).

                                                                                                             Por https://www.gotquestions.org

segunda-feira, 24 de abril de 2017



As 3 unções de Davi


                                                                                                                           (Por Ana Almeida)

1ª Unção:

A CONQUISTA - UNÇÃO PROFÉTICA - (I Samuel 16:13) 
A primeira vez que Davi foi ungido Rei, representou para ele um chamado de Deus. Uma promessa de conquista de levantá-lo como um grande Rei. 

Esta unção derramou tão grande poder sobre Davi para vencer inimigos físicos e espirituais sendo preparado para enfrentar os grandes desafios que viriam pela frente até chegar definitivamente ao trono.

A unção é o que dava legitimidade e autoridade ao Rei. O Rei que assumisse o trono sem a unção, era considerado usurpador da coroa. E Davi foi escolhido por Deus porque Saul havia abandonado ao Senhor. 

Processo da conquista:
- Davi foi designado para ser escudeiro real (I Samuel 16:21)
- Davi tocava harpa para libertar Saul (I Samuel 16:23)
- Matou o leão e o urso defendendo as ovelhas (I Samuel 17:34,35)
- Venceu o gigante Golias (I Samuel 17:49-51)
- Derrotou centenas de filisteus ( I Samuel 18:7)

A partir do momento em que recebeu sua primeira unção, Davi foi crescendo gradualmente de pastor de ovelhas à escudeiro, depois músico, general, até chegar a herói do seu povo.

Em todos os postos pelos quais passou até assumir o trono real, ele nunca deixou a soberba penetrar em seu coração e nem se envaideceu com o sucesso. Foi servo de Deus com um coração de pastor. 

Essa unção nos mostra que Deus nos unge para lutar e conquistar. Isso não significa que não teremos problemas, mas que, se o tivermos, teremos como respaldo garantido a unção para nos dar poder de vitória sobre os inimigos.


2ª Unção: 

A CAPACITAÇÃO - UNÇÃO DE AUTORIDADE REAL - (II SAMUEL 2:4) 

15 anos depois da 1ª unção, Davi foi ungido pela 2ª vez.

A 2ª unção de Davi foi uma confirmação de que era realmente o escolhido de Deus. Nesta 2ª unção, Davi assume o reinado apenas sobre Judá e enfrenta muitas adversidades dos inimigos externos do próprio povo de Israel e em sua própria família.

Essa 2ª unção serviu para uma capacitação ainda maior de Davi renovando a autoridade dada por Deus a ele como Rei. Uma preparação sobre Judá, para que depois reinasse sobre todo o Israel.

As vezes queremos receber tudo de Deus e de uma só vez. O Senhor age conosco em um processo de recriação espiritual. Primeiro age dentro de nós, para depois agir no externo.

Nesse processo divino, passamos uma reformulação mental, uma submissão e reeducação de nossa alma, quebrantamento do coração, fortalecimento físico, reestruturação de caráter, mudança de personalidade, vejam meus irmãos, isso não acontece do dia para a noite e não incluí somente os fatores internos, como também os externos, pessoas, dificuldades, circunstâncias, adversidades.

E, se queremos alcançar o alvo que Deus designou para nós, temos que trabalhar nesse período, dentro de nós, a paciência, a dedicação, a renúncia e fidelidade ao Senhor.

A caminhada de lutas é necessária para que Deus tenha tempo hábil de fazer todo o trabalho com perfeição. Se formos fiéis no pouco, receberemos o muito (Lucas: 16:10).


3ª Unção

O ESTABELECIMENTO - UNÇÃO SACERDOTAL - (II SAMUEL 5:3)

Após a 2ª unção, se passaram 7 anos e 6 meses (II Samuel 2:11), e Davi foi ungido pela 3ª vez. Desta vez ele estava assumindo o trono de todo o Israel e definitivamente sendo estabelecido Rei de seu povo.

A 3ª unção de Davi é uma prova de sua fidelidade para com Deus e o Senhor o honrou. 

Após essa unção, ele conseguiu trazer a Arca da Aliança ao Monte Sião e restabelecer o culto ao Senhor (II Samuel 6:15). Nesta atitude, Davi alcança mais que autoridade política, mas consegue ter também, influência espiritual sobre o povo, tomando o posicionamento de adorador e sacerdote.

Um Rei para ser completo, devia ter estas 3 qualidades: Profética, Real e sacerdotal. Jesus recebeu dos magos ouro, incenso e mirra símbolo de Rei, profeta e sacerdote.

Davi compreendeu sua autoridade e por isso se tornou o maior Rei de toda a história de Israel.

Assim como em Davi, a unção de Deus se renova em nós para nos preparar para a conquista, nos capacitando, para definitivamente, nos estabelecer.

Creia no poder do ungido de Deus dentro de você!
O Espírito Santo derrama do seu poder sobre nós!

Terminamos aqui, a nossa meditação.

Deus abençoe a todos!
Fiquem na Paz!

domingo, 23 de abril de 2017

UMA BREVE HISTÓRIA DO ISLAMISMO

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O mercador Muhammad ibn Abdallah dormia tranqüilo numa caverna próxima à cidade de Meca, atual Arábia Saudita. De repente, foi arrancado do sono por uma devastadora sensação da presença divina. Ele tinha 40 anos e aquela era sua primeira experiência sobrenatural. Um anjo apareceu e ordenou: “Recita!” Muhammad tentou argumentar que não era digno de pronunciar palavras divinas, mas o anjo abraçou-o com força, fazendo-o soltar todo o ar do pulmão. “Recita!”, insistiu. O mercador obedeceu. Recitou aquela vez e continuou recitando a cada vez que o anjo falava com ele. Isso durou 23 anos, até sua morte, em 632 d.C. As palavras divinas proferidas por Muhammad – ou Maomé, como o chamamos em português – foram reunidas versículo por versículo no Alcorão (em árabe, recitação), livro sagrado seguido até hoje por um quarto da população mundial – 1,3 bilhão de pessoas, incluídos aí os terroristas que participaram do atentado do dia 11 de setembro.
Pouco compreendido pelo Ocidente, o Alcorão sempre foi uma espécie de caixa-preta do Islã, envolto num clima tão misterioso quanto o corpo das mulheres afegãs sob a burqa (cujo uso obrigatório, por sinal, não está no Alcorão, que apenas recomenda a elas que se vistam “com pudor”. O livro estabelece claramente que as mulheres devem ser bem tratadas e que possuem igualdade de direitos com os homens). Os 114 capítulos do Alcorão, chamados de suras, estão ordenados de uma maneira bem diferente da organização encontrada na Bíblia, por exemplo. Para começar, não começam pelo começo, como na história da criação do Gênesis. “As suras são organizadas por temas”, diz o libanês Samir El Hayek, tradutor da primeira edição, no Brasil, do Alcorão em português. Ou melhor, tradutor do “significado do Alcorão”, já que os muçulmanos só chamam de Alcorão a versão original, em árabe, com as palavras exatas de Alá (para o Islã, não houve alteração nenhuma no texto desde que ele foi escrito).
Essa é outra diferença do Alcorão quando comparado com o Novo Testamento. O livro sagrado dos muçulmanos é a própria revelação, a manifestação de Deus (Alá, em árabe) – um papel comparável ao de Jesus no Cristianismo. Embora o texto possa soar repetitivo e enfadonho em português, em árabe as palavras ganham musicalidade. “Seu estilo entre a prosa e a poesia é inigualável”, diz Safa Jubran, professora de árabe da Universidade de São Paulo (USP). O livro não é importante apenas pelo conteúdo do que está escrito lá – as próprias palavras são sagradas, independentemente de compreendermos seu significado. Por isso, devem ser lidas em voz alta, para que envolvam o ouvinte e ele sinta a transcendência e a presença de Alá – os muçulmanos contam que várias pessoas converteram-se ao Islamismo só de ouvirem o Alcorão.
Mas há muitas semelhanças entre os livros sagrados dos judeus, dos cristãos e dos muçulmanos. O anjo que ditou as palavras para Maomé é Gabriel, o mesmo que avisou Maria da sua gravidez. Além disso, o Alcorão admite que Abraão, Moisés e Jesus receberam, de fato, mensagens divinas. Só que Jesus, para o Islã, não é o filho de Deus, mas um dos grandes profetas, assim como Moisés e o patriarca Abraão, ambos da linhagem dos judeus – daí o Islã compor, junto com o Cristianismo e o Judaísmo, o grupo das religiões abraâmicas. “Reconhecemos o Antigo e o Novo Testamento como parte da mensagem divina”, diz o xeque Ali Abdune, do Centro Islâmico de São Bernardo, em São Paulo.
Ou seja: assim como os cristãos acreditam que o Evangelho veio completar o Antigo Testamento, os muçulmanos crêem que o Alcorão é a versão definitiva da palavra divina. Depois dele, não haverá novas mensagens. Por isso, a riqueza de detalhes. Entre os seus 6 326 versículos, há desde instruções para o casamento até regras sobre como o governante deve agir na cobrança de impostos. “O Alcorão é um sistema econômico, jurídico e político”, diz o xeque Jihad Hassan Hammadeh, um dos líderes da religião islâmica no Brasil.
Para aquele povo disperso no deserto, o livro caiu como uma luva. Os árabes não tinham propriamente uma religião que os unisse e que desse sentido a suas vidas. Tinham deuses e cultuavam ídolos como a pedra preta – até hoje mantida ao lado da Caaba, o prédio sagrado em Meca na direção do qual os muçulmanos do mundo rezam. Sua lei também era muito simples. Não havia pena nem para casos de homicídio: a tribo do assassinado tinha direito de matar qualquer um da tribo do assassino. A vida valia pouco. Com regras desse naipe, logo não sobraria árabe para contar a história. A lei do Alcorão trouxe uma boa dose de ordem e sossego. Por exemplo, proíbe o assassinato entre os muçulmanos e faz deles irmãos.
Quando Deus estabelece regras sobre negócios e lei penal, fica difícil para um soberano revogá-las. Por isso, no mundo islâmico, os líderes políticos sempre tiveram que se submeter aos preceitos do Alcorão, pelo menos até o século XIX. Não é à toa que, além de profeta, Maomé foi um líder político, que ergueu um poderoso Estado. Ele resolvia conflitos, estabelecia regras e guiava seus súditos-fiéis. “No Antigo Testamento essa intersecção entre religião e Estado também existia, mas o Evangelho afrouxou-a. Jesus disse: ‘Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus’”, diz o historiador holandês Peter Demant, especialista em relações internacionais e Oriente Médio, que dá aulas na USP.
Muito sangue foi derramado ao longo da expansão do Islamismo, inclusive durante a vida de Maomé. O profeta usou a espada para se defender das tribos árabes politeístas que o acusavam de heresia por pregar a existência de um Deus único. Várias passagens do Alcorão justificam essa ação pela força. As instruções de Alá para lidar com os politeístas, por exemplo, teriam sido recebidas pelo profeta num desses momentos de guerra. Primeiro, diz o texto, deve-se tentar convertê-los. Caso eles não aceitem a proposta, podem manter sua fé, desde que paguem tributos. Se os infiéis, ainda assim, não toparem, acabou-se a diplomacia: “Matai os idólatras, onde quer que os achei; capturai-os, acossai-os e espreitai-os”. O resgate das passagens belicosas do Alcorão por líderes e governantes em tempos de guerra foi uma constante em seus 14 séculos de história.
O Alcorão, então, é um hino de guerra? Longe disso, dizem tanto adeptos da fé muçulmana quanto cientistas que escrutinam as religiões. “Pelo Alcorão, a única guerra justa é a de autodefesa”, escreve a teóloga inglesa Karen Armstrong, ex-freira católica e profunda conhecedora das três religiões abraâmicas, em seu livro Uma História de Deus. “Deus disse que quem mata um inocente mata toda a humanidade”, afirma o xeque Jihad. Além disso, a presença de mensagens violentas não é exclusividade do Islamismo. “Tanto a Bíblia quanto o Alcorão têm trechos de violência”, diz Eliane Moura da Silva, professora de história das religiões da Unicamp. “Maomé era um guerreiro e um estadista em defesa da sua fé, mas não há como negar que personagens do Antigo Testamento, como Josué, líder dos judeus na conquista da Terra Prometida, também eram.”
O entendimento do Islamismo, no entanto, vai além do Alcorão. Quando morreu, em 632, Maomé deixou a seus seguidores, além do livro sagrado, seu exemplo de vida, que, segundo Alá, deve ser imitado. Essa tradição, que, em árabe, diz-se suna, é composta pelos atos e dizeres de Maomé, chamados de hadiths. “Para os muçulmanos, os hadiths são leis, inferiores apenas ao livro sagrado e vigoram até hoje, regendo boa parte da vida cotidiana”, diz o xeque Jihad. É um hadith, por exemplo, que proíbe aos artistas a reprodução fiel de animais, baseado no preceito de que só Deus pode dar a vida. Representar seres humanos, então, nem pensar.
Apesar de inquestionáveis, os hadiths passaram por muitas transformações até chegarem à forma atual. Muitos foram transmitidos oralmente por mais de 100 anos até serem escritos e houve muitas alterações, devido à precariedade da tradição oral e à incorporação de tradições dos vários povos do mundo árabe.
Para organizar essa bagunça, criou-se, já no século VII, uma ciência para estudar os hadiths e checar sua credibilidade. Essa tarefa hercúlea e, às vezes, impossível, de compilação dos atos e palavras de Maomé incluía visitas às cidades onde viveram as testemunhas e comparação de dados, como datas e lugares, com o que dizia a lei. Desse processo emergiram, no século IX, seis grandes coleções de tradições que, juntas, contêm milhares de hadiths. Mas isso não quer dizer que a lei islâmica tenha sido engessada naquela época. “O Alcorão ganha valor à medida que é interpretado em cada comunidade, de acordo com seus interesses”, diz a historiadora Eliane, da Unicamp.
Assim, as dúvidas que sobrevivem ao exame do Alcorão e da suna devem ser submetidas a uma terceira instância: o ijma, ou o consenso da comunidade. “Maomé teria dito: ‘Na minha comunidade não tem erro’. Se há consenso, aquilo é verdade”, diz Peter Demant, da USP. Um ijma encerra a questão e se transforma em uma lei. Tratava-se de um processo democrático, de toda a comunidade. Aos poucos, porém, a opinião dos estudiosos das leis foi valorizada e os ulemás, uma espécie de clero muçulmano, ganharam status de legisladores, muitos deles trabalhando dentro do governo.
Quando Maomé morreu, surgiu um problema: a escolha do seu sucessor. Nem o Alcorão nem os hadiths versavam sobre o assunto. Não demorou muito e as disputas começaram. O terceiro sucessor do profeta (khalifa, em árabe) foi assassinado por opositores. Seu substituto, Ali ibn Abi Talib, primo de Maomé e marido de sua filha, teve que defender sua legitimidade à força e, após um período de guerras, propôs um consenso com seus opositores. Tudo isso seriam apenas intrigas de poder não fosse a sobreposição, no Islamismo, das lideranças política e religiosa. Para quem acreditava que a sucessão do profeta era ditada por Deus, a tentativa de resolver a questão pelo entendimento pareceu uma blasfêmia. A ponderação, assim, enfraqueceu Ali, que acabou assassinado. Seus partidários deram origem a uma facção islâmica para a qual Ali, como sucessor legítimo do profeta, é iluminado e infalível.
São os xiitas (de shia, que significa “partido”, em árabe), um ramo minoritário no Islamismo, mas prevalente até hoje no Irã. A grande maioria dos muçulmanos, porém, cerca de 90%, só crêem na tradição do profeta, a suna. São os sunitas.
As divisões não evitaram que, num piscar de olhos, a mensagem do Alcorão se espalhasse pelo mundo. Em apenas 200 anos, a palavra de Alá e os exércitos árabes já tinham conquistado toda a península arábica, o norte da África e a Ásia Central. Em seguida, foram anexados Espanha, Portugal e grande parte da Índia. O ímpeto expansionista árabe chegou até a China. Como é que uma mensagem revelada numa caverna do deserto de repente conquistou os espíritos de meio mundo civilizado?
Bem, há várias respostas. Uma delas é a já citada semelhança entre o Islamismo e as outras duas religiões monoteístas. Para um judeu ou um cristão, a nova fé parecia familiar, embora o uso de nomes conhecidos e sagrados em situações inusitadas pudesse parecer heresia. O Alcorão diz, por exemplo, que Jesus não foi crucificado, mas abduzido por Alá e elevado aos céus. Quem acabou na cruz foi Judas, transformado, como punição, em sósia de Cristo.
O Alcorão não obriga à conversão e, ao menos nos primeiros séculos da nova fé, a tolerância religiosa era a regra – muito mais do que em terras cristãs. Tanto é verdade que, nas regiões que administravam, os muçulmanos eram absoluta minoria até o século XI. Essa tolerância está expressa no texto sagrado: “Não disputeis com os adeptos do Livro senão da mais pacifíca maneira”. Os “adeptos do Livro” são os cristãos e os judeus. “Nosso Deus e o vosso são Um e a Ele nos submeteremos”, prossegue o Alcorão, deixando claro que respeita e aceita as outras duas crenças que adoram o mesmo Deus, seja chamando-o de Alá ou Jeová.
Mas havia formas sutis de incentivar o ingresso de novos fiéis. Para começar, viver em um Estado com leis regidas por uma fé alheia não era muito confortável, por mais que houvesse respeito. Além disso, os muçulmanos tinham privilégios: eram isentos de certos impostos e tinham muito mais chances de subir na vida e trabalhar no governo. Para completar, a conversão era moleza – bastava reconhecer em voz alta, perante testemunhas, e em árabe, que só existe um Deus e que seu profeta é Maomé. Pronto. Um muçulmano a mais.
Nos primeiros séculos, o império era administrado por um homem só – um califa sediado primeiro em Medina (na Arábia Saudita), depois em Damasco (na Síria) e depois em Bagdá (no Iraque). Mais tarde, o poder se fragmentou, com vários califas simultâneos. Mas não importava quantos eram os governantes, nem as diferenças entre suas decisões, seguindo uma ou outra escola de interpretação do livro sagrado. Viajantes que cruzaram o império de ponta a ponta relataram uma sensação de que o mundo muçulmano era um só. Em toda parte valiam os cinco pilares da religião: aceitar que há só um Deus e que seu profeta é Maomé; rezar cinco vezes por dia voltado para a Meca; ajudar os pobres; jejuar no mês sagrado do Ramadan; e peregrinar até a Meca uma vez na vida. Mais que isso: um livro guiava todos, o Alcorão.
Maomé havia dito que “aquele que sai de casa em busca do conhecimento está trilhando o caminho de Deus”. O profeta afirmou também que isso vale para homens e mulheres (em clara discordância com o regime de países como o Irã e o Afeganistão de hoje, que negam às mulheres o acesso ao estudo). Dentro desse espírito, nascia, no século X, a Universidade Azhar, do Cairo, a primeira do mundo, que atraía muçulmanos de toda parte. O conhecimento prosperava. Os muçulmanos formavam a vanguarda na matemática, na astronomia, na medicina e na química.
Filósofos gregos, inteiramente esquecidos pela Europa medieval, eram traduzidos para o árabe – o racionalismo de Aristóteles, em especial, gozava de muita popularidade. Inspirado por ele, o filósofo persa Avicena defendia a idéia espantosamente moderna de que a razão humana podia levar a uma verdade demonstrável e tentou analisar o Alcorão à luz da lógica. Para ele, a iluminação do profeta não era divina, mas intelectual (séculos depois, ainda queimava-se gente por muito menos no mundo cristão). Não havia cidade na Europa que se comparasse aos centros islâmicos. Só o Cairo abrigava população correspondente à das três maiores cidades cristãs, juntas: Paris, Veneza e Florença. O império islâmico vivia seu auge. O mundo era deles.
Nesse momento, os árabes sofreram uma agressão inesperada bem pertinho do seu coração. Em 1095, o papa Urbano II ordenou, de Roma, um ataque para tomar Jerusalém. Começavam as Cruzadas, que duraram 200 anos. A cristandade não tem muito do que se orgulhar desse episódio – propiciou cenas pavorosas, inclusive massacres de civis – e acabou perdendo a guerra e a Terra Santa. Mas, embora ninguém suspeitasse disso naquela época, começava ali a decadência do Islã. “O efeito psicológico foi muito forte. A luta estimulou o fechamento mental religioso”, afirma Demand.
As invasões geraram um fenômeno que jamais tinha existido antes: uma sensação de confronto entre a cristandade e o Islã. Os cristãos passaram a demonizar Maomé e sua fé. Karen Armstrong conta, em seu livro Muhammad (sem versão em português), que as ofensas ao profeta viraram regra na Europa do século XI. A propaganda antiislâmica incluía chamar Maomé de pervertido sexual, charlatão e insinuar que ele fosse o diabo em pessoa.
Na mesma época, muitos muçulmanos adquiriram um profundo ressentimento pelo Ocidente, atribuindo a ele toda a culpa pelo fim dos tempos gloriosos do Império Árabe – um sentimento que chegou até os nossos dias. Algo mudara no mundo islâmico. “Ele tornou-se friorento, defensivo, intolerante, estéril”, afirma o historiador libanês Amin Maalouf, no ótimo livro As Cruzadas Vistas pelos Árabes. O Alcorão continuou o mesmo, mas passou a ser interpretado com mais rigidez.
Já era esse o clima quando a dinastia fundada pelo sultão Osman tomou a cidade cristã de Constantinopla, antiga capital do Império Bizantino, e a rebatizou de Istambul. Nascia ali, em 1453, o Império Otomano (referência ao próprio Osman), que, em algumas décadas, tomou quase todas as terras do antigo Império Árabe. Osman era de etnia turca, um povo com fama de mau que se converteu ao Islamismo no século VIII. Os turcos entraram no mundo árabe como soldados e galgaram o comando do exército. Agora viravam sultões (em turco, “detentores do poder”. Osman não ousou tomar para si o título de califa, reservado a descendentes do profeta). A partir daí, cabia a eles zelar pelo povo que seguia o Alcorão.
No entanto, o mundo havia mudado. Militarmente, o Islã continuava sendo uma potência. Mas a vanguarda do planeta não estava mais ali. O centro estava mudando para oeste – a Europa. Lá, uma série de guerras religiosas detonou revoluções ideológicas que soltaram as rédeas do pensamento e rebocaram a sociedade para uma época de desenvolvimento: o Renascimento e o Iluminismo. Impulsionados pela filosofia e pela ciência, inclusive aquelas trazidas das terras árabes, os europeus decidiram limitar o poder religioso sobre os assuntos terrenos. O primeiro passo foi cortar alguns poderes do rei, considerado antes uma figura divina. Ato contínuo, cortaram também a cabeça de alguns monarcas. Liberalismo político e econômico logo transformaram os países do Ocidente em potências laicas.
No Islamismo, ao contrário, as luzes jamais voltaram a brilhar como antes do recrudescimento religioso decorrente das Cruzadas. Religião e política não se divorciaram. O historiador Alberto Ventura, do Instituto Universitário Oriental, de Nápoles, Itália, sugere, em um artigo, que esse pensamento de laicização do Estado e da ciência não prosperou no Oriente justamente porque a fé islâmica procurou conciliar o raciocínio. “Os textos sagrados do Islamismo nunca entraram em incurável conflito com a observação racional das coisas.” Para Ventura, os muçulmanos interpretam o Alcorão de um modo intermediário: nem o levam ao pé-da-letra nem o transformam em uma alegoria. “O esforço por harmonizar os dois lados não permitiu uma separação clara entre as esferas da religião e do conhecimento. Na cultura cristã, elas entraram em antagonismo e cristalizaram suas identidades.” Cada uma no seu terreno.
O progresso europeu engoliu o Império Otomano. Primeiro, economicamente; depois, militarmente. A partir da metade do século XIX, quase todos os países islâmicos foram dominados e ocupados pelas potências européias – a Itália ocupou a Líbia, a Inglaterra ficou com o Egito, a França levou a Argélia etc. A modernidade ocidental caiu como uma bomba sobre o Islã. A nova ordem enfraqueceu as alianças tradicionais, a educação islâmica já não garantia emprego no governo, os diplomados não controlavam mais o sistema judicial, as forças policiais sufocavam qualquer tentativa de revolta.
Pouco a pouco, a absorção dos valores ocidentais tornou-se uma condição de sobrevivência no mundo islâmico. Entre os intelectuais islâmicos, ficou clara a idéia de que o caminho do progresso era a reforma do Estado, com tudo o que isso implica: fazer eleições e criar leis que abrissem as portas do mundo moderno. Mas essas mudanças seriam um abandono das regras teocráticas do Alcorão – e sem elas não havia Estado, porque a religião é que dava identidade à população. A idéia de nação ainda era alienígena naquela parte do mundo. A maioria do povo não se sentia tunisiana, egípcia ou líbia, mas muçulmana. Sem esse elo, sobravam alguns vínculos tribais e culturais. Só.
Começaram a surgir tentativas, em vários países, de criar governos democráticos baseados nos princípios do Alcorão. Todas fracassaram, muitas vezes por causa da enorme ingerência das potências européias. “No Egito, entre 1922 e 1948, houve 17 eleições, todas vencidas pelo partido populista, mas só cinco conseguiram governar, porque a Inglaterra intervinha sempre que o resultado não era o desejado”, afirmou a teóloga Karen Armstrong, em entrevista à revista eletrônica Salon. Os governos ditos democráticos tinham regras rígidas também para regular o dia-a-dia dos cidadãos. Na Turquia, o governo fechou as escolas religiosas e proibiu as mulheres de sair com véus. “Muitas deixaram de sair de casa por vergonha”, diz Eliane. No Irã, o xá Reza Pahlevi deu ordens à sua guarda para atirar em manifestantes que protestavam contra o uso obrigatório de roupa ocidental. Muito propagandeados pelos governos da época, alguns valores ocidentais, como a democracia, ganharam uma péssima fama entre os muçulmanos.
A gota d’água no sentimento de fracasso dos muçulmanos diante do Ocidente ocorreu com a humilhante derrota para Israel, em 1967. “Depois do florescimento, a derrota causa uma sensação de que se tomou o caminho errado”, diz o egípcio Mohamed Habib, coordenador de Relações Institucionais e Internacionais da Unicamp.
Adivinha onde os muçulmanos foram procurar as respostas para essas seguidas derrotas? Lá mesmo, no Alcorão. “É aí que surgem os movimentos de resgate das raízes, dos fundamentos da religião”, diz Demant. São os fundamentalistas.
A situação era propícia a interpretações literais. Primeiro, porque não há sacerdotes no Islamismo: cada um ora diretamente a Deus, sem intermediários. A herança de séculos de interpretações harmoniosas e tolerantes do Islã é transmitida à população pelos ulemás, os estudiosos da doutrina. Só que, a partir da ocupação dos países islâmicos, no século XIX, os ulemás se distanciaram do povo. Quando os inconformados foram buscar conforto no livro sagrado, o fizeram sem orientação ou, pior, sob a tutela de outros fundamentalistas – como o Taleban, que mantém escolas para difundir sua leitura do Alcorão aos desvalidos.
A interpretação peculiar desses fundamentalistas ignora os comandos explícitos de respeitar as outras “religiões do Livro” (americanos e israelenses são associados aos “idólatras” inimigos de Maomé do século VII), passam por cima da proibição de matar inocentes (com a desculpa de que todo ocidental é inimigo e, portanto, não há inocentes entre eles) e pinça no texto apenas os trechos mais sangüinolentos. Seu discurso está cheio de ressentimento – há quem chame Israel de um “Estado cruzado”, numa extemporânea referência a uma guerra terminada há sete séculos, mas que não acabou de ser digerida. Os fundamentalistas são ínfima minoria no Islã, mas, com ações de grande repercussão, acertam em cheio os corações de milhares de muçulmanos com baixa auto-estima – a causa antiocidental resgata a tão machucada identidade islâmica.
Mas há também fundamentalistas islâmicos pacifistas e eles são a maioria, segundo Karen Armstrong. “Esses grupos”, diz ela, “buscam nas palavras de Maomé o espírito de paz e justiça social” – aquele mesmo que ajudou um povo miserável e disperso do deserto a erguer um dos mais iluminados impérios da história. Está tudo no livro.
       Denis Russo Burgierman, Rodrigo Cavalcante e Rodrigo Vergara- Super Interessante  2001

sexta-feira, 14 de abril de 2017

12 frases que você já ouviu, mas que não estão na Bíblia

O texto a seguir é apenas uma forma de abrir seu olho para algumas coisas que são ditas nas igrejas como forma de VERSÍCULO BÍBLICO. A única razão pela crítica é que alguns pastores usam estas frases (às vezes sem querer ou saber) como base das suas pregações e como a Palavra de Deus.

Falar e afirmar, tudo bem, mas tem que deixar claro que não são versículos ou usar do famoso: “a Palavra de Deus disse que…”.

“Eu venci o mundo e vós vencereis”

Essa é uma ótima afirmação, mas… “Tenho-vos dito isto para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. E acaba aí mesmo.



“Fazei o bem sem olhar a quem”

Também não. O mais parecido disso está em Gálatas 6:10: “Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé”.



“Jesus é o Médico dos médicos”

Você afirmar isso: OK. Você repassar como se estivesse na Bíblia: AÍ NÃO, NÉ?! Jesus é chamado de Senhor dos senhores e Rei dos reis (Ap 17:14).



“Mente vazia é oficina do diabo”

Sendo assim, a Carla Perez seria uma megaempresa! Mas isso não tem na Bíblia, não, tá?



“Não cai uma folha de uma árvore sem a vontade de Deus”

Tudo bem que Deus é o controlador de TUDO. Mas citar isso como versículo é demais!



“O cair é do homem, mas o levantar é de Deus”

Pecar todo mundo peca, infelizmente. Mas usar essa frase como versículo para encorajar os irmãos, não dá! Não tem na Bíblia.



“O dinheiro é a raiz de todos os males”

Bom, Paulo falou assim: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (I Tm 6:10). Leia de novo e veja que tem diferença nas afirmações. Não quer dinheiro? Manda pra cá!



“O pouco com Deus é muito”

CLÁSSICA TAMBÉM! Cuidado!



“Quem com ferro fere, com ferro será ferido”

Jesus disse a Pedro, em Mateus 26:52, assim: “Mete no seu lugar a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão”.



“Quem dá aos pobres, empresta a Deus”

Não, não… o mais próximo disso é: Provérbios 19:17: “Ao Senhor empresta o que se compadece do pobre, e ele lhe pagará o seu benefício”. Tem todo um contexto!



“Quem não vem pelo amor, vem pela dor”

Frase afirmada por muitos, mas não tem na Bíblia. Tem isso: “O homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, será quebrantado de repente sem que haja cura” (Pv 29:1).


“Vem a mim como estás”

Engraçado, né? Bem reconfortante, mas o mais parecido com isso está em Mateus 11:28: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”.

Artigo tirado de :http://profetirando.com.br

sábado, 1 de abril de 2017

Trindade, Rashi e a ilusão do plural magestático

Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo; porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade. (Cl 2:8-9) Uma das ferramentas dos opositores da doutrina da Trindade, como por exemplo, judeus ortodoxos, messiânicos, testemunhas de jeová e todos aqueles que são adeptos do Arianismo, Sabelianismo e Monoteísmo Absoluto, é a expressão “ PLURAL MAJESTÁTICO”. Esta expressão é aplicada em alguns versículos dos três primeiros capítulos do livro do Gênesis que contém os verbos “façamos, desçamos, confundamos” e o pronomes ” nossa e nós” (Gn 1:26, 3:22,11:7), com o intuito de negar a existências das Três Pessoas distintas da Santíssima Trindade, pois é através desse raciocínio que tais sectários afirmam que Deus usou os verbos no plural como forma de expressar apenas sua modéstia, ou seja, Ele falou consigo mesmo. Todavia, alguns estudiosos a aceita, outros não. Vejamos como os judeus interpretam o texto do Gênesis: FAÇAMOS O HOMEM- à partir disso notamos a humildade do Santo, Bendito Seja. Visto que o homem foi criado à semelhança dos anjos, e eles poderiam invejá-lo, Ele os consultou. E quando Ele julga os reis, Ele consulta Sua côrte celestial, e assim vemos no caso de Ach’av, quando Michah disse-lhe (I Rs 22:19): “Eu vi o S-nhor assentado sobre Seu trono, e toda a hoste celestial em Sua presença, à Sua direita e à esquerda”. Ora, será que “direita” e “esquerda” aplica-se a Ele? Na verdade, a passagem quer dizer que esses anjos estavam à direita para defender e à esquerda para acusar. Da mesma forma (Dan 4:14): “Esta sentença é por decreto dos vigias (anjos da esquerda), e por mandado dos santos (anjos da destra)”. Aqui também Ele consulta a côrte celestial. Ele disse-lhes: “Entre os seres celestiais, há alguns conforme Minha semelhança. Se não houver nenhum conforme Minha semelhança entre os seres terrenos, haverá inveja entre os seres da criação” (Tanchumá Shemot 18, Bereshit Rabbah, 8:11,14:13) Façamos o homem – e mesmo que os anjos não O tenham assistido em Sua criação, e haja aqui lugar para os heréticos se rebelarem e pervertem o plural como base para suas heresias, a Escritura não hesitou em ensinar a conduta apropriada no trato da humildade, ao ponto de mostrar que alguém com autoridade consulte o menor para dele receber permissão (n.t., ainda que teoricamente). Se estivesse escrito: “Eu farei o homem” nós não aprenderíamos que Ele estava falando com Seu tribunal celeste, mas sim, com Ele mesmo; E a refutação aos hereges está escrita na seqüência (i.e., no verso seguinte): “E [D-us] criou (וַיִּבְרָא) ,” e não diz, “e eles criaram וַיִּבְרְאוּ.” – [de Bereshit. Rabbah 8:9] 1 O Targum do pseudo-Jonatas, no comentário de Gn 1:26, traz uma ideia de que Deus convocou os anjos para juntamente com Ele fazerem o homem à imagem e semelhança: E o Senhor disse aos anjos que ministravam perante Ele, que haviam sido criados no segundo dia da criação do mundo: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, sobre as aves que estão na atmosfera do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis rastejantes sobre a terra. (Gen 01:26 PJE)2 O Targum de Ônquelos apenas repete o texto hebraico: E o Senhor disse: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e terá domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra. (Gn 1:26 OKE)2 Os hebraístas, Keil & Delitzsch, dizem que os pais da Igreja entendiam que o pronome “nós” fazia referência à Trindade: O plural “nós” era considerada pelos padres e teólogos anteriores quase unanimemente como indicativo da Santíssima Trindade: comentaristas modernos, pelo contrário, considero-o como pluralis majestatis ; ou como um endereço de Deus para Si mesmo, um endereço para os espíritos ou anjos que estão ao redor da Divindade e que constitui o seu Conselho. (Keil & Delitzsch Commentary on the Old Testament)3 Todavia, só foi a partir do século XI, com o rabino RASHI, que a expressão “PLURAL MAJESTÁTICO”, passou a ter valor no mundo religioso judaico. O Pastor e professor de hebraico, Esequias Soares, explicando acerca da pluralidade que há no vocábulo Elohim disse o seguinte sobre esta expressão: O nome Elohim apresenta os primeiros vislumbres da Trindade. A declaração de Gênesis 1.1 traz o verbo no singular, “criou”, e o sujeito no plural Elohim, “Deus”, o que revela a unidade de Deus na Trindade. Construção similar aparece em várias partes do Antigo Testamento: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1.26); “Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós” (Gn 3.22); “Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua” (Gn 11.7). A Trindade é vista em Elohim À luz do contexto bíblico. O Novo testamento explicitou o que antes estava implícito no Antigo Testamento. Quando Elohim refere-se às divindades falsas traz no plural o verbo, o pronome ou o adjetivo, representando a multiplicidade. Quando, porém, aplicado ao Deus de Israel, o verbo e o seus complementos vêm geralmente no singular. Os rabinos reconheceram a pluralidade neste nome, mas, como o judaísmo é uma religião que defende o monoteísmo absoluto, e não admite Jesus Cristo como o Messias de Israel, fica difícil para eles entenderem essa pluralidade. Para explicá-la, argumentam ser um plural de majestade, mas isso é uma determinação rabínica posterior. A definição de plural de majestade ou de excelência, como disse, foi dada pelo rabinato posterior. Disse Shlomo ibn Yitschaki, conhecido pela sigla RASHI, grande rabino e erudito judeu (nascido em 1040): “O plural de majestade não significa haver mais de uma pessoa na divindade”. Essa declaração serviu para o judaísmo prosseguir sua marcha mantendo o monoteísmo absoluto sem Jesus e sem o Espírito Santo. (Os Dez Mandamentos, p. 51-52).4 Como vimos, a crença de um suposto plural majestático é tardia e não merece crédito, pois além de ser um crença “jovem”, nunca foi crida ou ensinada pelo Igreja. Além disso, RASHI era um escritor e comentarista místico, que têm seus comentários contidos na Torá da editora SEFER, onde ele diz que Caim deu à luz a Caim com uma irmã gêmea, que seu sinal era um chifre, que a primeira esposa de Adão não foi Eva, mas Lilith, ideias essas que não existem na Bíblia, mas que são apenas Midrash’s, isto é, pura especulação de quem não teve um encontro com o Espírito Santo. Portanto, fica aqui o alerta quanto aos ensinos sectários. Isto que vos acabo de escrever é acerca dos que vos procuram enganar. Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também ela vos ensinou.(1Jo 2:26-27).
                                                                                                                                                  por Itard Víctor Camboim de Lima